O ar de novos planos na ponta do
calendário sempre me deixa um tanto esnobe. Quero passar de um ano para o outro
como de ontem para hoje. A ideia do ano novo é demasiadamente velha e
enfadonha. Contudo, não nego, sempre fico a pensar e isso é maior que eu.
Penso como tenho contado meus
dias e quanto tempo eu deixo passar no intervalo de 1 pra 2 e assim por diante.
O quanto da minha vida não é desperdiçada, jogada ao vento. Fotos espontaneamente
manipuladas, frases copiadas, o amanhã cronometrado como se fosse importante. Um
emaranhado de direitos e deveres que vou tecendo e no final só serve para eu me
desculpar ou justificar. Vão consolo.
Não basta encher a agenda, tenho
que me abraçar investindo no “amor próprio”. Quem disse que eu tenho que gostar
de mim ou ninguém mais vai gostar? Quem diz que eu tenho que lutar em meu nome?
Seria por acaso coerente gostar de um monte de terra ambulante que com certeza
já pensou mal de você? Seria coerente lutar em nome de alguém que não vai
vencer a morte e não sabe ao menos viver dignamente? Seria coerente sacrificar
algo de grande valor por alguém que não cuida do lugar que vive? No que
depender de mim o chão que eu piso é desperdício de lar e nada mais justo que
um ponto final
Contudo eis me aqui de pé, não através
de mim, mas de uma redenção. Estou eu aqui carente, não de uma lista cheia dos
planos que consigo lembrar de cabeça, mas de um propósito para sempre trazer a
memória o que é cheio de primazia. Estou aqui, uma porção de terra com fôlego que
foi agraciada por alguém perfeito.
Sabe quando se faz algo em nome
de quem amamos para que o feito tenha mais significado? Pois então pense em ser
feito por alguém a quem pertence todo o significado. Alguém que não encontra em
você nenhum motivo justo para amar, mas em nome de si ama, pois é assim que ele
é, é assim que ele decidi. Alguém a quem pertence a eternidade, o início e o
fim, o perfeito e incondicional amor. O Filho que se fez meu irmão viveu com total
dignidade, sofreu a minha condenação e faz com que o Pai olhe para mim não como
quem vê o meu desperdício, mas como quem vê a vida perfeita e de sacrifício do
Filho.
O quanto do meu trabalho valeu? O quanto
permanece? Não tenho força nem desejo de recomeçar nada, mas anseio a regeneração e de fato ser algo novo. Aqui estou eu carente pedindo mais graça,
mais perdão. Peço que a cada dia eu lembre a habitação da plenitude, o
propósito de todas as coisas e que só o que é dEle e para Ele vai ecoar na
eternidade.
Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse,
E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da
sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as
que estão na terra, como as que estão nos céus. Colossenses 1:19-20